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Brasil está entre os 5 países com progresso mais lento em cibersegurança, diz MIT

14 de fevereiro de 2023

O país ficou com pontuação baixa em todos os critérios utilizados pela universidade norte-americana em pesquisa sobre segurança de dados na internet

Brasil tem progresso lento em cibersegurança (Yuichiro Chino/Getty Images)

Após anos de uma pandemia que forçou interações cada vez mais digitais, o Brasil ficou entre os cinco países com progresso mais lento e desigual na criação de um ambiente de defesa cibernética. De acordo com o estudo da plataforma de conteúdo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), apenas Turquia e Indonésia obtiveram uma classificação inferior.

Considerado o primeiro ranking comparativo anual das 20 maiores e mais avançadas economias do mundo digitalmente em sua preparação para atuar contra ameaças de segurança cibernética, o Índice de Defesa Cibernética avaliou os países do G20. Dentro do grupo de principais economias do mundo, apenas a Rússia ficou de fora, substituída pela Polônia.

O Brasil está classificado em 18º lugar geral. No entanto, em agosto de 2022, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) realizou sua primeira consulta pública para criar uma agenda regulatória que busca em grande parte emular o atual padrão-ouro do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, vigente na União Europeia”, informou Laurel Ruma, diretor editorial da MIT Technology Review Insights.

Um levantamento da TradingPlatforms aponta que o cibercrime cresceu 164% em 2021, comparado com 2020, atingindo a cifra de US$ 6,9 bilhões – ou mais de R$ 34 bilhões. O golpe mais comumente utilizado é phishing, que movimentou US$ 2,4 bilhões (R$ 12 bilhões).

Em seguida aparecem golpes que envolvem criptomoedas – esses representaram a perda de US$ 1,6 bilhão (R$ 8 bilhões) e cresceram cerca de sete vezes em relação aos números de 2020. Já as fraudes que envolvem confiança, às vezes chamados ‘golpes de romance’ causaram prejuízos de US$ 956 milhões (R$ 4,7 bilhões).

Segundo a pesquisa do MIT Technology Review, a pandemia do coronavírus e o avanço das práticas digitais foram alguns dos motivos que impulsionaram o crescimento nos crimes cibernéticos nos últimos anos.

A engenhosidade e eficácia dos hackers continua crescendo apesar da quantidade crescente de tempo e dinheiro que empresas e governos investem em defesa cibernética, conforme revela o estudo, que analisa e coloca os países do G20 em um ranking dos que mais investem em defesas contra o problema.

“A segurança cibernética se tornou uma preocupação geral e ganhou mais relevância nos últimos anos, especialmente por causa do aumento da complexidade do cenário de riscos com a aceleração do processo de digitalização, alavancado pela pandemia. Na internet, qualquer empresa, pessoa ou governo pode se transformar em um alvo potencial para ataques cibernéticos e as consequências podem tomar dimensões inimagináveis”, disse André Miceli, CEO e editor-chefe da MIT Technology Review Brasil.

Para compor o estudo foram analisados os seguintes países: Austrália, Holanda, Coreia do Sul, Estados Unidos, Canadá, Polônia, Reino Unido, França, Japão, Suíça, Itália, China, Alemanha, Espanha, Arábia Saudita, México, Índia, Brasil, Peru e Indonésia. As economias foram classificadas de acordo com suas medidas regulatórias relacionadas a questão da segurança cibernética.

Para distribuir os países analisados em um ranking, a MIT Technology Review utilizou como base quatro pilares: Infraestrutura Crítica; Recursos de Segurança Cibernética; Capacidade Organizacional e Comprometimento com Políticas. Atualmente, o Brasil ocupa o 18º lugar do ranking, mas aos poucos vem aprimorando suas práticas acerca do tema.

O Brasil pode estar especificamente em risco pois, além de sua baixa classificação no ranking, há uma lacuna de ações educativas sobre como evitar cair em golpes como phishing, quando um link falso é enviado para a vítima em busca de roubar dados pessoais e bancários.

Segundo uma pesquisa da Kaspersky de 2021, o percentual de usuários brasileiros que tentou abrir pelo menos uma vez links enviados para roubar dados representa 19,9% dos internautas do país.

Na internet, todo cuidado é pouco, e o futuro da ciberdefesa depende das capacidades coletivas de organizações e instituições de cada país para avaliar continuamente novos dados, diz a pesquisa do MIT Technology Review.

Andrew W. Lo, professor de finanças e diretor do Laboratório de Engenharia Financeira do MIT, diz que a resposta está nos dados. Dados completos – sobre os sistemas envolvidos em ataques cibernéticos, frequência de ataques, informações sobre os invasores, ações das empresas, incluindo erros cometidos, perdas e perdas esperadas e outros dados sofisticados – são necessários para criar um novo sistema operacional seguro e rigoroso disciplina.

Para realizar a classificação, a MIT Technology Review conduziu uma pesquisa global com 1.000 executivos seniores (com um número igual de cada país classificado no índice) com responsabilidades de segurança cibernética para suas respectivas organizações. Os dados fornecem uma avaliação das condições operacionais para manter ambientes ciberseguros. Cerca de 43% dos entrevistados eram CIOs, CTOs ou diretores de segurança.

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